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De 15 de
Outubro de 2002 a 25 de Janeiro de 2003. Entrada
Livre.
Um génio
que encheu os jornais
Assinalar o bicentenário do nascimento
de Victor Hugo com esta exposição significa
dar continuidade ao reflexo que o grande escritor francês
sempre teve em Portugal.
Victor Hugo foi possivelmente o escritor
estrangeiro que maior presença teve na imprensa
portuguesa. Vários jornais e revistas dedicaram-lhe
páginas e páginas, elevando-o aos píncaros
das sumidades de excepção literária
e humana. E isso aconteceu tanto em vida do escritor,
como após a sua morte, ocorrida em 1885.
Dificilmente também se encontrará outro
escritor alvo de tantas homenagens, por parte de jornalistas,
escritores e tipógrafos, como aconteceu com Victor
Hugo.
O autor do célebre romance “Os
Miseráveis” teve uma presença forte
na imprensa portuguesa do século XIX (e até
na do séc. XX), através da publicação
de algumas das suas principais obras em folhetins. Jornais
como o DN, o Século e o Jornal da Noite, por
exemplo, trouxeram os leitores presos, durante semanas
e até meses, ao desenrolar da trama dos romances
“O Homem que Ri”, “Noventa e Três”
e “Han-Islândia”, respectivamente.
E fora dos folhetins, muitas evocações
e análises sobre a obra literária e o
homem.
Noutras publicações periódicas,
como revistas e almanaques, Victor Hugo foi também
uma presença frequente. E neste domínio
vale a pena destacar que foi, num almanaque, que veio
transcrita a utopia do autor, datada de 1867, sobre
uma Europa sem fronteiras. Desse texto visionário
damos apenas um excerto: “Não haverá
portagens nas pontes, nem barreiras nas cidades, nem
alfândegas nos estados, nem istmos nos oceanos,
nem preconceitos nas almas. (...) Essa nação
terá por capital Paris; mas não se chamará
França. Há-de chamar-se: Europa. Há-de
chamar-se Europa no século vinte; e, nos séculos
seguintes, mais transfigurada ainda, há-de chamar-se:
Humanidade”.
Rafael Bordalo Pinheiro haveria também de homenageá-lo
nos seus jornais humorísticos. E os principais
escritores da época tomaram-no como modelo, citaram-no,
ou escreveram na imprensa sobre ele. Eça de Queirós,
Guerra Junqueiro e António Feliciano Castilho
são apenas três exemplos. Para Eça,
Victor Hugo “é o bardo da democracia”;
Guerra Junqueiro poemou-o de “Divino Hugo”
e Feliciano Castilho cognominou-o de “o rei dos
poetas”.
Outra curiosidade da relação
de Victor Hugo com a imprensa portuguesa está
na correspondência que manteve com alguns jornalistas.
Eduardo Coelho (DN), Guilherme Braga (Gazeta Democrática)
e Brito Aranha (Arquivo Pitoresco e DN) foram alguns
dos contemplados. E o tema central desta relação
epistolar foi a pena de morte, a propósito de
cuja abolição Victor Hugo homenageou Portugal,
em 1867. Os elogios foram grandes, como se deduz, por
exemplo, da carta remetida a Eduardo Coelho: "Está
pois a pena de morte abolida nesse nobre Portugal, pequeno
povo que tem uma grande história. (...) Felicito
a vossa nação.Portugal dá o exemplo
à Europa. Disfrutai de antemão essa imensa
glória. A Europa imitará Portugal..Morte
à morte! Guerra à guerra! Viva a vida!
Ódio ao ódio. A liberdade é uma
cidade imensa da qual todos somos concidadãos".
É de tudo isto que fala a exposição.
Homenagear o paladino da liberdade que
foi Victor Hugo, à luz do olhar da imprensa de
várias épocas e de diversos tipos, constitui
o objectivo central desta iniciativa. Importa, pois,
dá-lo a conhecer desta forma tão simples:
visto e sentido pelos jornais. Porque Victor Hugo foi
um génio que encheu os jornais!
Luís Humberto
Marcos
Director do Museu Nacional da Imprensa
Horário
de visita à Exposição: |
Dias úteis:
10h - 19h
Sábados: 10h-17h
Encerra domingos e feriados |
Entrada Livre. Para mais informações sobre
este evento contacte o departamento de Relações
Públicas e Divulgação Cultural
da Biblioteca Nacional.
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