|
De 10 de Julho a 31 de Outubro de
2003
Em Torno
do Selo Postal Português
Em 1 de Julho de 1853 foram colocados
à venda os primeiros selos de correio portugueses.
Tratava-se dos selos de 5 e 25 reis, com o busto, em
perfil, da monarca, D. Maria II, num cunho aberto por
Francisco de Borja Freire. O selo de 100 réis
foi posto à venda no dia 2 e o de 50 réis
só no dia 22 do mesmo mês e ano.
Portugal tornava-se, assim, no 45.º
Estado a adoptar uma reforma postal concebida à
semelhança da que tinha sido implementada por
Sir Rowland Hill, 13 anos antes, na Grã-Bretanha,
ao introduzir, a 6 de Maio de 1840, os primeiros selos
postais em circulação no Mundo.
A principal reforma consistia no prévio pagamento
de um serviço que era encomendado aos correios.
Acabava assim a prática de ser o destinatário
a pagar um serviço encomendado por outro. A taxa
de serviço era igual para todo o país,
variando apenas em função do seu peso
ou da sua qualidade (impressos, manuscritos, cartas
particulares, amostras de fazenda, etc.).
Esse pedaço de papel, com a indicação
da franquia paga pelo serviço a prestar, era
já, então, coleccionado por todo o mundo.
Uma nova colecção – a filatelia
– começava então, para continuar
ainda nos dias de hoje, tornando-se, por ventura, numa
das mais antigas e populares actividades lúdicas.
Depressa se tornou impossível
a colecção sistemática de todos
os selos de um país, quanto mais do mundo. Os
chamados selos “clássicos”, grosso
modo os que circularam no século XIX, tornaram-se
objecto de grande raridade. Algumas administrações
postais, a fim de satisfazerem o capricho de um monarca
estrangeiro que desejava ter a sua colecção
dos selos completa, mandavam reimprimir as séries
que já tinham sido retiradas de circulação
e que se tinham esgotado, dando assim origem a novas
variedades e novas colecções.
Aos poucos, o Estado compreendeu o valor cultural que
um selo poderia ter e propagandear. Juntamente com os
selos base – ou normais –, destinados apenas
a satisfazer as necessidades correntes, com tiragens
ilimitadas, começaram a aparecer os chamados
selos comemorativos, de tiragens limitadas e, inicialmente,
com circulação temporal limitada também.
Em Portugal, a primeira série comemorativa apareceu
em 1894, quando da evocação do 5.º
centenário do nascimento do Infante D. Henrique.
Mas, se nos primeiros 75 anos de circulação
dos selos portugueses, só se emitiram nove séries
comemorativas – evocando (para além do
Infante D. Henrique) o nascimento de Santo António,
o descobrimento do Caminho Marítimo para a Índia,
a travessia aérea do Atlântico Sul, o nascimento
de Luís de Camões, o nascimento de Camilo
Castelo Branco e a Independência de Portugal (três
séries) – (a que se poderiam ainda juntar
algumas séries de selos de imposto postal: Assistência,
Festas da cidade de Lisboa, Padrões da Grande
Guerra, monumento ao Marquês de Pombal), depressa
se compreendeu o papel divulgador que o selo poderia
representar, aproveitando-o o Estado inclusive para
fins de propaganda política. Quase todos os acontecimentos
importantes ou datas significativas passaram a serem
contemplados com a emissão de uma série.
Surgiram assim novas formas de colecção
– a filatelia temática –, em que
o que motiva a colecção não é
já o selo, como franquia de pagamento de um serviço,
mas sim a mensagem que se nele transmite.
Com o advento dos selos apareceram os
carimbos para sua inutilização, dando
origem a uma nova colecção sistematizada
e especializada – a marcofilia. Os filatelistas
criaram ainda colecções de provas e de
ensaios de selos, de reimpressões de selos antigos,
de pagelas explicativas das diferentes emissões,
de envelopes de primeiro dia de circulação,
de carimbos comemorativos, de inteiros postais (peças
que podem circular sem ser necessário colar nenhum
selo – como é o caso dos aerogramas, de
bilhetes postais e envelopes já com o selo impresso),
de maximafilia (em que se procura a conjugação
do motivo do selo, com a imagem de um bilhete postal
e de um carimbo relacionado), etc.
Em torno do selo e das colecções
por si motivadas produziu-se vasta bibliografia.
Começavam, de imediato, as publicações
especializadas relacionadas com os selos, dedicadas
aos seus coleccionadores. Álbuns e catálogos
foram as primeiras, mas produzidos fora das fronteiras
nacionais. Foi preciso esperar pelo ano de 1887, para
aparecer a primeira publicação periódica
portuguesa, O Philatelista, Orgão do Centro Philatelico
Portuguez, propriedade de Faustino A. Martins, publicada
em Lisboa, com irregularidade, em 4 séries, até
Abril de 1896.
Alexandre Guedes de Magalhães, em 1951-52, publicou
no Mercado Filatélico, n.ºos 50-53, um primeiro
“Inventário da bibliografia filatélica
portuguesa - Apontamentos” onde se podem testemunhar
os avanços da bibliografia relacionada com o
selo postal português.
Estamos conscientes de que as colecções
da Biblioteca Nacional e da Biblioteca da Fundação
Portuguesa das Comunicações (Lisboa) estão
longe de completas no que se refere à bibliografia
produzida durante os 150 anos que decorreram desde o
aparecimento do selo postal, em Portugal, e com ele
relacionada. As bibliotecas dos Clubes Filatélicos
são detentoras de material precioso e raro. Esperamos
que sigam o exemplo da Biblioteca Nacional e que produzam
inventários das suas colecções
para que, num amanhã, seja possível a
edição de uma bibliografia mais completa.
João José Alves Dias
Presidente da Direcção do
Grupo de Amigos do Museu das Comunicações
Horário
de visita à Exposição: |
Dias úteis:
10h - 19h
Sábados: 10h-17h
Encerra domingos e feriados |
De 14/07 a
15/09 |
Dias úteis:
10h - 17h
Encerra Sábados, domingos e Feriados |
Entrada Livre. Para mais informações
sobre este evento contacte o departamento de Relações
Públicas e Divulgação Cultural
da Biblioteca Nacional.
|