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De 23 de Abril a 8 de Maio - Entrada Livre
Exposição dos livros seleccionados para a Campanha SALVE UM LIVRO II
A Biblioteca Nacional tem duzentos anos de existência e, na sua génese, contou com a valiosa integração de diversas bibliotecas conventuais, também elas seculares. Quer nas bibliotecas monásticas, quer nas instalações iniciais da Real Biblioteca Pública, nem sempre as condições de armazenamento foram as ideais; nem sempre os documentos foram acondicionados e conservados longe do pó, dos insectos, da humidade, do calor ou do frio, do excesso de luz; nem todos os documentos - manuscritos ou impressos - tiveram a sorte de serem executados sobre o melhor papel ou com as melhores tintas. Como hoje, o pior não era antecipado.
Os suportes, as tintas, as condições ambiente reagiram como puderam; o manuseio descuidado ou intenso, comprometeram tudo o mais: papéis tão fragilizados que o simples folhear se torna, por vezes, impossível; pedaços de texto ou de imagem desaparecidos pela acção ácida das tintas ferrogálicas; infindáveis galerias provocadas por insaciáveis insectos; encadernações partidas, esfareladas ou roídas por blatídeos ou roedores. Calcula-se que um quarto das colecções está num estádio tal de deterioração que dificilmente poderá ser recuperado.
Contra esta maré, que não pára de subir, a Biblioteca Nacional montou, nestes últimos anos, várias barreiras sobretudo de carácter preventivo. Um conjunto de programas de grande fôlego cujo fim é difícil antever, muito dispendiosos, envolvendo consideráveis recursos humanos e cuja prossecução exige perseverança, sistematização e forte motivação. Saber ao que se corre e porquê. A limpeza das colecções, o controlo das pragas ou o acondicionamento das espécies não pode parar com risco de deitar tudo a perder.
Tais intervenções, criteriosas e fundamentadas, são acompanhadas de outras com carácter imediato. Ou seja, certas peças pelo seu valor histórico, bibliográfico ou artístico, pelo seu carácter raro (quando não único) e insubstituível, exigem maior atenção e reflexão exemplar. Para além da intervenção de natureza preventiva a que estão sujeitas quando alinhadas com as outras espécies, merecem um tratamento individualizado, de restauro, destacando-se, dessa forma, do imenso exército perfilado ao longo de milhares de prateleiras. Esta Segunda Campanha SALVE UM LIVRO foi pensada para a salvaguarda de peças de maior significado. Tarefa árdua, a de as distinguir de entre tantas outras para uma intervenção de restauro. Por um ou outro motivo, todas as peças mereceriam um destino singular. Mas esse é, quiçá, um objectivo inatingível. Torna-se necessário, pois, definir, para cada edição da CAMPANHA, alguns critérios orientadores.
Em primeiro lugar, à Biblioteca Nacional compete indicar, de forma coerente, os livros que precisam de ser intervencionados. Foi, pois, a Biblioteca Nacional que fez a selecção e avaliação; foi a Biblioteca Nacional que diagnosticou os problemas que uma intervenção de restauro deveria resolver; foi, por fim, a Biblioteca Nacional que calculou os custos dessa mesma intervenção.
Em segundo lugar, tornou-se indispensável definir quais as colecções sobre que deveria incidir esta Segunda Campanha SALVE UM LIVRO. Há colecções que têm sido, de certo modo, beneficiadas por frequentes intervenções de restauro, destacando-se o Fundo de Reservados e o das Colecções Especiais. A escolha incidiu, desta vez, sobre a colecção designada por Fundo Geral. Desenganem-se os menos conhecedores com a tradicional denominação do Fundo Geral. A génese da Biblioteca Nacional tornou o seu Fundo Geral um manancial inesgotável de interesse bibliográfico.
Em terceiro lugar, as peças escolhidas nem sempre são únicas; por vezes, um título pode ter vários exemplares, circunstância que a história da Biblioteca Nacional explica. Porém, mantendo-se o seu valor, a Biblioteca Nacional não pode deixar de eleger um exemplar a “salvar” para memória futura. Do século XVII ao século XX, houve a preocupação de assegurar que a cultura e tipografia portuguesas ficariam especialmente representadas, mas não em exclusivo. A escolha tornou-se, por essa razão, mais ampla, identificando espécies de valor e significado universais, como é próprio das colecções da Biblioteca Nacional, fazendo jus ao enciclopedismo formal e conceptual que a enforma.
Cada peça foi submetida a uma avaliação e diagnóstico tendo em vista a intervenção de restauro. Estas intervenções são sempre dispendiosas, quer pela mão-de-obra que exigem, quer pelas matérias-primas que não dispensam. Não é objectivo da Biblioteca Nacional encontrar apoio integral à despesa inevitável que deverá assumir. Por esse motivo, para cada intervenção foi feito um cálculo apenas do custo das matérias-primas indispensáveis e é esse custo que se espera que o leitor, o bibliófilo, o amigo da Biblioteca Nacional esteja disposto a contribuir para que se SALVE UM LIVRO.
Maria Luísa Cabral
Horário de visita à Exposição: |
Dias úteis: 10h - 19h
Sábados: 10h-17h
Encerra domingos e feriados |
Entrada
Livre. Para mais informações sobre este
evento contacte o departamento de Relações
Públicas e Divulgação Cultural
da Biblioteca Nacional.
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