Agenda 2007 : Lançamento da obra "Relação do Reino de Portugal-1701" de Thomas Cox
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11 de Outubro de 2007 | Livraria BNP | 18:00H |

LANÇAMENTO
da obra "Relação do Reino de Portugal-1701" de Thomas Cox

Trata-se de uma obra de grande interesse, principalmente por ser das poucas – e talvez a mais antiga – descrições de Lisboa antes do terramoto de 1755.

Os autores – tio e sobrinho – apresentam-nos o quadro de uma cidade em que é desconfortável andar, por razões que os viajantes do fim do século continuaram a registar. São elas o mau cheiro, o estado das ruas de terra, que a lama e toda a espécie de detritos tornava dificilmente transitáveis e a grande quantidade de mendigos. O texto, que por vezes é mais registo de impressões ou quadros do que uma descrição organizada, tem vivacidade e grande quantidade de pormenores, que fazem dele uma leitura agradável.

Mais do que é habitual neste tipo de obras, esta centra-se muito na vida quotidiana da população, em hábitos e comportamento das várias classes, sobretudo trabalhadoras. Thomas Cox, possivelmente ligado ao comércio, dá grande destaque às actividades económicas, contando por exemplo como funciona a alfândega, como são fixados os preços, o valor do dinheiro, entre outros.

Outra área que o interessou foi a justiça, levando-o a explicar minuciosamente o seu funcionamento original, nomeadamente em casos de homicídio e dívida.

Mas o domínio que se sobrepõe a todos os outros é sem dúvida a religião. Cox Macro era uma figura destacada do clero inglês, o que pode ser uma justificação, mas também Thomas Cox descreveu várias cerimónias e contou situações diversas que presenciou ou em que tomou parte, não se limitando a críticas isoladas, como é hábito acontecer. A visão geral é negativa, como é costume sobretudo nos autores de religiões reformadas. A atitude é especialmente agressiva por parte dos britânicos.

Tendo-nos os viajantes do fim do séc. XVIII habituado a opiniões depreciativas dos edifícios da cidade, é interessante encontrar aqui precisamente o contrário. Na verdade, Thomas Cox louva a imponência e beleza dos muitos palácios, contando histórias a respeito de alguns.

Além do seu interesse como texto, é muito curiosa a história do manuscrito agora traduzido. Trata-se de um trabalho a dois, mas composto em épocas diferentes. As 33 últimas páginas são da autoria de Cox Macro, que também intercalou notas e comentários ao que já existia. Estranhamente, também aparecem acrescentamentos de Thomas Cox ao texto que sem dúvida é posterior ao seu. Tudo isto levantou inúmeros problemas, mas constituiu um desafio que a equipa que se dedicou a enfrentá-lo pensa ter valido a pena. A Biblioteca Nacional concordou. O público decidirá.

Maria Leonor Machado de Sousa

Outras informações sobre este lançamento poderão ser solicitadas para o correio electrónico: rel_publicas@bn.pt ou pelos telefones 21 798 2124 / 21 798 2068.