De
3 a 28 de Julho no Corredor da Livraria – Entrada
livre
Manuel Ferreira (Ponta Delgada, 1916)
Por ocasião da edição
especial do livro O Açor Eterno, a que foi atribuído
o Grande Prémio de Artes Gráficas na
Categoria de Impressão Digital de Pequeno Formato,
a Biblioteca Nacional tem patente, no corredor da Livraria,
até 28 de Julho próximo, uma mostra bibliográfica
sobre o escritor açoriano Manuel Ferreira. Com
a dimensão de 168 por 46 cm, esta edição
de 10 exemplares constitui uma homenagem ao autor,
prestada pela Nova Gráfica, de Ponta Delgada.
O livro consta de uma investigação, graficamente
documentada, sobre a simbologia
do Açor, abrangendo
um vasto campo que vai desde a heráldica dos
Municípios às marcas comerciais.
Manuel Ferreira, escritor e jornalista
açoriano,
nasce em Ponta Delgada a 29 de Janeiro de 1916. É uma
das principais figuras da Imprensa açoriana
e micaelense no século XX. Chefe de redacção
dos jornais Açoriano Oriental e Correio
dos Açores, nas décadas de 60 e 70, em Manuel
Ferreira combinam-se as qualidades de jornalista e
escritor de talento com a energia de lutador pelos
interesses regionalistas, como se pode verificar através
do livro Pedras para o Templo (Ponta Delgada, Impraçor,
1995) , compilação dos artigos que, no
Correio dos Açores dos anos 60 e 70, constituíram
campanhas travadas com arrojo, dentro dos limites consentidos
pelo regime salazarista.
O seu gosto pela literatura manifesta-se
desde os tempos do Liceu Antero de Quental, em Ponta
Delgada, onde funda e orienta a publicação
académica
Arco-Íris. Será a partir da segunda metade
dos anos 70, liberto de tarefas profissionais, jornalísticas
e burocráticas, que se consagra plenamente à escrita
e à investigação, o que se traduz
num impressionante conjunto de publicações – mais
de trinta volumes publicados entre 1979 e 2006, outros
tantos contributos para a literatura e historiografia
açorianas.
Manuel Ferreira é um “narrador vigoroso,
dono dum discurso cuidado e incisivo”, no dizer
de João de Melo. Cultiva a ficção,
a biografia e a investigação histórica. De entre a obra
de ficcionista, destaca-se o conto O Barco e o Sonho (adaptado a série
televisiva pelo realizador Zeca Medeiros, da RTP-Açores). Essa narrativa
de Manuel Ferreira inspira-se num caso relatado nos jornais açorianos
dos anos 50: a aventura de dois açorianos que conseguem atravessar o Atlântico
Norte, num pequeno barco por eles próprios construídos, rumo ao “sonho
doirado” dos Estados Unidos, destino privilegiado dos emigrantes açorianos.
Na qualidade de biógrafo, Manuel Ferreira é autor do livro Manuel
António de Vasconcelos - O 1.º Jornalista Micaelense e o ‘Açoriano
Oriental’ (Ponta Delgada, Impraçor, 1994) O estudo de Manuel Ferreira
sobre o fundador do mais antigo jornal português em publicação “é muito
mais do que uma simples monografia” - conforme escreve José de Almeida
Pavão, que foi professor da Universidade dos Açores - visto que, “para
além dos dados relativos à personalidade homenageada, houve a preocupação,
da parte do autor, de proceder ao seu enfoque não apenas na época,
com todos os aspectos mais relevantes que a caracterizam, mas ainda [...] nas
ambiências político-sociais em que decorreu a sua existência
tão rica de vitalidade e tão vinculada à problemática
do tempo, quer no plano regional, quer, num mais vasto âmbito, a nível
nacional”. Com o talento e o rigor que lhe são reconhecidos, Manuel
Ferreira estruturou o seu estudo de forma a contemplar, além do perfil
do jornalista e deputado setembrista, Manuel António de Vasconcelos, o
quadro histórico das lutas políticas na sociedade açoriana
do século passado e a fundação e os primeiros tempos do
Açoriano Oriental, marco decisivo na história da Imprensa portuguesa
e açoriana.
De entre os múltiplos títulos da incluídos na vasta bibliografia
de Manuel Ferreira, merecem realce Vitorino Nemésio e a ‘Sapateia
Açoriana’ (1988), A Ilustre Marquesa
de Ponta Delgada (1991), O
Segredo das ‘Almas Cativas’ – Roberto
de Mesquita (1991), Ponta
Delgada – A História e o Armorial (1992), Os
Cem Anos da ‘Melo
Abreu’ (1993), Era uma vez um barco chamado Autonomia (1995), Antero
Imortal (2002), O Caricaturista Micaelense Augusto Cabral (2002) e O Explorador
Micaelense Roberto Ivens (2005). Inscreveu no seu ex-libris de escritor a divisa: “Alto
como as estrelas livre como o vento”.