De 18 a 31 de Dezembro 2007 | Corredor da Livraria BNP

Mostra documental

Marcos Portugal

No passado dia 18 de Dezembro, terça-feira, pelas 18H00, será apresentado, na Livraria da Biblioteca Nacional de Portugal, o livro Marcos Portugal da autoria dos autores venezuelanos Jesús Ignacio Pérez-Perazzo e Albe Belisario.

A obra, escrita em espanhol, foi editada na Venezuela e a sua publicação foi apoiada pelos periódicos portugueses Correio da Venezuela e Diário de Noticias da Madeira, tendo contado com o patrocínio do Grupo Banif.

Marcos António Ascensão da Fonseca, Marcos António da Fonseca, Marc' Antoine Portugal, Marco Portogallo, Marcos Portuguéz, ou simplesmente: Marcos Portugal, nasceu em Campo de Ourique , Lisboa, a 24 de Março de 1762. Autor de uma vasta obra, que inicia com apenas 14 anos, compôs música de vários tipos em que se destacam as obras de carácter religioso e óperas. Estas foram interpretadas pelas vozes mais destacadas do seu tempo e apresentadas em todos os grandes teatros da Europa. Destacou-se, também, como organista e cantor.

O seu reconhecimento público inicia-se enquanto Mestre do Teatro do Salitre, cargo que ocupa a partir de 1785, e organista compositor da Igreja Patriarcal. As suas criações musicais obtiveram grande sucesso e o Jornal das Modinhas, cujo primeiro número data de 1792, incluiu várias destas composições de sua autoria que estiveram muito em voga.

Próximo da Corte e da Família Real – muitas das suas obras são encomendas régias – conseguiu patrocínio para se deslocar a Itália onde permaneceu entre 1792 e 1800 (fixou-se em Nápoles), cantando-se óperas suas em diversas cidades e teatros italianos, ampliando a sua fama e prestígio. De regresso a Portugal, é nomeado director do Teatro de S. Carlos e mestre da Capela Real, escrevendo várias obras para estas instituições muito aclamadas pelo público.

Compôs várias obras durante a ocupação francesa (nomeadamente um Te Deum em honra de Bonaparte e uma ópera, a pedido de Junot, comemorativa do dia do imperador). Tentou redimir-se publicamente deste facto com a participação nos festejos da Convenção de Sintra e nos do primeiro aniversário da retirada dos franceses, integrando uma sociedade de artistas. No entanto, a sua colaboração com os franceses manchava a sua imagem junto da opinião pública e decide partir para o Brasil onde chega em 1811 e onde foi recebido com grande consideração pela Família Real. O seu prestígio é recuperado e é uma peça sua que é escolhida para a inauguração do Teatro de S. João (arde em 1823 e é depois reconstruído com a designação de Teatro de S. Pedro de Alcântara), construído à imagem do Teatro de S. Carlos, onde se cantaram muitas das suas antigas óperas. Enquanto no Brasil, a sua principal produção é de música religiosa para o serviço da Capela Real e de reescrita e apresentação de óperas antigas.

Os últimos anos da sua vida são ensombrados pela debilidade física – que o impede de criar novas composições e lhe consome recursos financeiros – e pelo fim das regalias de que gozava junto da casa real, a par de ataques públicos dos vários inimigos que a sua vaidade lhe granjeou, vindo a falecer sozinho e em relativa pobreza no Rio de Janeiro em 7 de Fevereiro de 1830.

O Maestro Jesús Ignacio Pérez Perazzo é músico, director de bandas e orquestras, docente e investigador musical venezuelano. Professor da área de música na Universidade Monteávila de Caracas e de História da Música no Conservatório Simón Bolívar, é membro vitalício da World Association for Symphonic Bands and Ensembles, WASBE. Promotor e fundador da Asociación Latinoamericana y del Caribe de Bandas y Ensambles, ALACBE, é também Director da Banda Sinfónica Juvenil Simón Bolívar, de Caracas.

Autor de várias obras no campo da música, tem investigado a história da música em Portugal ao longo das últimas décadas, destacando-se, nesta área, as obras Aproximación a la historia de la musica portuguesa e Apuntes acerca del movimientom musical portugués. Mantém um espaço na Internet ( www.histomusica.com) que inclui uma resenha cronológica da música portuguesa.

A sessão de apresentação da obra Marcos Portugal contará também com a participação de Catarina Latino, responsável pela Área de Música da BNP.

A apresentação do livro do Maestro Jesús Ignacio Pérez Perazzo será complementada com a mostra ao público de um conjunto de documentos originais de Marcos Portugal: partituras originais, manuscritos autógrafos e impressos da época. Estes documentos constituem uma pequena amostra do vasto espólio deste autor pertencente à colecção de Música da Biblioteca Nacional de Portugal. Estará patente até dia 31 de Dezembro, no Corredor da Livraria da BNP, com entrada livre.