Dia 11 de Outubro às 17.30 – Entrada Livre

Palestra do Prof. Carlos Reis e mostra ao público dos manuscritos queirosianos de "A Correspondência de Fradique Mendes"

A mostra que a Biblioteca Nacional agora realiza prende-se com a recente aquisição do manuscrito de Eça de Queirós de A Correspondência de Fradique Mendes. A expectativa da sua aquisição, o momento da sua entrada no conjunto do património nacional, marcaram de algum modo os últimos meses da vida da instituição. A Biblioteca Nacional, embora habituada a adquirir peças importantes do ponto de vista bibliográfico, em sentido amplo, viveu com outra intensidade esta aquisição particular, tendo assumido na íntegra o valor que a licitação exigiu. Este aspecto, porventura mais administrativo mas não menos significativo, evidencia a atenção posta na gestão dos dinheiros públicos de forma a garantir o enriquecimento do património bibliográfico nacional.

A Biblioteca Nacional é a biblioteca portuguesa patrimonial por excelência. O termo patrimonial tem aqui dois sentidos que, de tão interligados, exigem uma clarificação. Por um lado, as colecções da Biblioteca Nacional têm vindo a constituir-se ao longo de séculos, justificando pela sua unicidade, riqueza e variedade a designação de patrimoniais e os cuidados que lhe são dedicados; por outro lado, pelo valor histórico e bibliográfico que transportam, essas mesmas colecções justificam consideráveis investimentos na sua preservação e conservação tendo em vista a sua perpetuação. A incorporação do manuscrito agora adquirido tem, portanto, um sentido patrimonial pleno e a Biblioteca Nacional assumindo conscientemente essa responsabilidade não podia deixar de partilhar este momento de satisfação com os seus leitores e com aqueles que sempre têm colaborado com a instituição no sentido de enriquecerem o seu acervo.

O conjunto de documentos conhecidos como o manuscrito de A correspondência de Fradique Mendes é constituído por autógrafos, provas tipográficas anotadas e corrigidas e mesmo por recortes de jornal, muito provavelmente de O Repórter [Lisboa, 1887-1890]. Trata-se de dezenas de folhas numeradas, já microfilmadas ou digitalizadas, e a partir de agora disponíveis para estudiosos e interessados. A 1ª edição de A Correspondência de Fradique Mendes [Porto: Livraria Chardron, 1900] poderá ser agora confrontada com o próprio manuscrito e essa oportunidade tem criado justificada expectativa. A título de curiosidade, é interessante saber que esta obra entrou na Biblioteca Nacional através do registo da propriedade literária a 11 de Outubro de 1900, a mesma data que simbolicamente se escolheu para a sua mostra pública.

O manuscrito, depois de submetido a uma intervenção de conservação e restauro no laboratório da Biblioteca Nacional, foi transferido de suporte. Sem causar demoras para os estudiosos, o manuscrito irá ser trabalhado pelo sector próprio da instituição. Por ora, será exibido ao público entre 11 de Outubro e 6 de Novembro.