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De 9 de Outubro a 6 de Dezembro
de 2003
A BD é
uma arte
As origens, a linguagem, a história,
as correntes e as próprias definições
da Banda Desenhada são alguns dos temas que percorrem
esta exposição. Apresentando-se sob a
forma de BD, este trabalho não é uma abordagem
teórica da Nona Arte destinada a especialistas
ou iniciados. O grande público e, sobretudo,
os docentes e discentes, do ensino básico e secundário
são os destinatários eleitos de “A
BD é uma Arte …”
A história aos quadradinhos é um meio
de comunicação diferente de todos os outros,
com uma linguagem própria e artística,
com regras e códigos que esta exposição
pretende ajudar a descobrir.
Embora já não se pense,
felizmente, que a leitura das histórias aos quadradinhos
é prejudicial à formação
juvenil, ou inimiga da leitura “tout court”,
a BD ainda está longe de ser respeitada em termos
pedagógicos. Contribui para esta situação
o facto de a BD ainda não ser considerada em
Portugal como uma arte autónoma e a corpo inteiro,
embora se encontre a léguas de uma arte exclusiva
para jovens e crianças e anos-luz de um trabalho
de habilidosos para leigos ou iletrados.
A sua história, esquecendo como
ponto de partida a enganosa pista de “Yellow Kid”,
em 1896, é grande e revela-nos obras-primas do
engenho e arte humana e talentos que entrarão
para o panteão da BD, dissipada que será
a bruma do desconhecido e ignorado.
Não se pense porém que consideramos que
nada tem sido feito e que a situação não
tem evoluído por terras de Camões. Bem
pelo contrário. Os autores portugueses têm
ensaiado novos caminhos, são em maior número,
melhores e a BD portuguesa tem merecido uma crescente
atenção no estrangeiro, aumentando assim
o número de obras traduzidas.
É justo, nesta ocasião,
referir o excelente trabalho desenvolvido pela Bedeteca
de Lisboa e pelo Centro de Arte Moderna José
de Azeredo Perdigão, da Fundação
Calouste Gulbenkian, nomeadamente na área da
investigação histórica, em que
se destacam as exposições e respectivos
catálogos “Das Conferências de Casino
à Filosofia de Ponta”, “BD portuguesa
1914-1945” e “BD portuguesa Anos 40 –
Anos 80” e o contributo dado para a sua divulgação
pelos salões da Amadora, Lisboa e Porto.
Neste contexto nasce a ideia de realizar
esta exposição que surge na sequência
das iniciativas que a Meiosdarte dinamizou nesta área,
entre as quais podemos citar “O Bode”, encontros
de Banda Desenhada de Vila do Conde e um atelier de
BD para jovens. Mas também, alertados pelos docentes
com quem trabalhamos, pela constatação
da forma aligeirada como esta matéria é
abordada nos programas do ensino oficial.
De facto, os conteúdos sobre
Banda Desenhada raramente ultrapassam as duas páginas
nos livros adoptados o que, de uma maneira geral, conduz
os professores a seguir idêntico caminho e não
dedicarem mais do que uma aula, quando muito, a esta
matéria, o que manifestamente é pouco
e não é de forma a valorizar a narrativa
gráfica nem a incentivar os alunos à sua
leitura.
Acresce a esta situação
a falta de informação e muitas vezes de
formação de um bom número de professores,
como alguns referem e outros reconhecem.
Para que a imagem social da Banda Desenhada
mude e evolua, torna-se indispensável que ela
passe a ter um tratamento mais digno, logo mais aprofundado
a nível dos programas e manuais escolares e que
sejam desenvolvidas iniciativas susceptíveis
de sensibilizar, formar e criar os públicos de
amanhã. Acreditamos que a presente exposição
possa contribuir para a concretização
destes objectivos, missão que a Biblioteca Nacional
vem potenciar, pela visibilidade que lhe dá,
ao recebê-la no decorrer dos meses de Outubro
a Dezembro.
Estamos igualmente convictos de que a superior qualidade
do trabalho desenvolvido pelo ilustrador Luís
Silva é susceptível, pela sua qualidade
plástica, de seduzir e conquistar os jovens portugueses
para o mundo fantástico da Nona Arte, senão,
quem sabe, a cultivar o gosto pelo desenho a uns tantos
futuros autores de BD.
Luís Silva reside na Póvoa
de Varzim e a bem dizer desenha desde sempre. Aos doze
anos começou a expor e enquanto autodidacta o
seu trabalho desenvolveu-se numa linha de aproximação
às linguagens da Banda Desenhada e ilustração.
Esta tendência viria a ganhar corpo e a consumar-se
com o ingresso no “Institut Superieur des Beaux
Arts St. Luc”, em Liège, em 1977. Nesta
escola frequentou o curso superior de BD e ilustração,
tendo-se especializado neste última. Dedicando-se,
a tempo completo, desde o seu regresso a Portugal à
ilustração, Luís Silva tem participado
no mais variado tipo de trabalhos, destacando-se a sua
colaboração em vários jornais e
revistas nacionais.
José de Almeida
Editor
Horário
de visita à Exposição: |
Dias úteis:
10h - 19h
Sábados: 10h-17h
Encerra domingos e feriados |
Entrada Livre. Para mais informações
sobre este evento contacte o departamento de Relações
Públicas e Divulgação Cultural
da Biblioteca Nacional.
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