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De 25 de Julho a 31 de Outubro de
2002 . Entrada Livre.
Damianus
A Goes [Damiam De Goes] Do quarto centenário
da morte de Damião de Góis – irrealizada uma prevista grande
exposição e demais actividades evocativas, imersas nos acontecimentos
libertadores de 1974 que tudo, naturalmente sobrelevaram – apenas sobreviveu,
por avisada decisão da Comissão Organizadora das comemorações
a que presidiu Fernando Piteira Santos, o catálogo da mostra preparada
por Francisco Leite de Faria, publicado sob a forma de monumental bibliografia
activa e passiva (Lisboa 1977). Obra de referência incontornável,
a sua actualização, inevitável, não altera, porém,
significativamente, ainda hoje, o levantamento então feito da obra e dos
estudos goisianos. Adquiriu, pois, consciência a ideia
de que, na passagem do V Centenário do nascimento deste humanista português,
não seria caso de reeditar aquele catálogo nem pretender
uma exaustiva exposição bibliográfica, mas propor critérios
de inteligibilidade da obra de Damião de Góis, procedendo a uma
perspectiva didáctica de leitura da sua obra, maioritariamente
latina, e a uma compreensão do seu significado na época.
Trata-se, numa primeira linha de força, de traduzir a obra do
humanista do latim de origem para o português actual, no sentido em que
se procura dar a conhecer ao público não especializado (i. e., para
lá da minoria escassíssima de especialistas) o conteúdo geral
dos títulos que compõem essa obra, modo de avaliar os temas que
suscitaram interesse ao seu autor. Daí que, no catálogo da exposição,
além da literal tradução desses títulos, sejam propostas
descrições de conteúdo detalhadas que acompanham os respectivos
registos bibliográficos. Numa segunda linha de força,
procura auscultar-se a pertinência mais extensa dessas temáticas
eleitas por Damião de Góis, outro modo de dizer que procura avaliar-se
o seu significado e projecção no contexto do humanismo cultural
e mental do seu tempo, significativamente dominado pela valorização
do espaço europeu e pela importância da civilização
europeia, numa consciência europocêntrica de um mundo em alargamento
de fronteiras, de descobertas... Damianus A Goes, eques
lusitanus – na expressão com que assinou as suas obras –
foi um intelectual culto dessa Europa, talvez o mais cosmopolita dos humanistas
portugueses, demais no sentido em que tomou o orbe como local genérico
de uma errância pelo conhecimento e de uma representação
de sensibilidades, itinerando pelos centros universitários, políticos
e financeiros mais influentes da época (que se procuram iconizar e cartografar).
Afinal, a obra latina em que Damiam De Goes, humanista e negociante português,
verteu na língua internacional do Renascimento a sua curiosidade e admiração
pelos feitos e realidades dos homens do seu tempo, editada em vários daqueles
grandes centros urbanos, correspondeu à importante viragem laica em que
o erasmismo, nomeadamente, se inseriu. Os Opúsculos Vários
que o editor Rogério Réscio deu ao prelo em 1544, na universitária
cidade de Lovaina – compilando textos de Góis ao lado de epístolas
e poemas de outros humanistas –, é marco e prova da projecção
intelectual do humanista português, cujo nome foi, em vida, citado em dedicatórias
e agradecimentos de inúmeros dos seus contemporâneos.
Damianus a Goes, iuvenis domi nobilis – na expressão de
Erasmo de Roterdão, seu amigo, hospedeiro e protector –, foi figura
reconhecida por essa Europa do Renascimento, sem deixar de nela integrar a grandeza
das coisas portuguesas, tornando-as mesmo exemplo do humanismo de que foi brilhante
representante: se a sua célebre Descrição da Cidade de
Lisboa não foi editada em vernáculo, procurou justamente representar
um paradigma da urbe que se enche de luz nas representações
modernas, digna de considerar-se capital de um novo orbe. Luís
Augusto Costa Dias Área de Investigação em Cultura
Portuguesa
Horário
de visita à Exposição: |
Dias úteis:
10h - 19h
Sábados: 10h-17h
Encerra domingos e feriados |
Entrada
Livre. Para mais informações sobre
este evento contacte o departamento de Relações
Públicas e Divulgação Cultural da Biblioteca Nacional.
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